Quando bactérias se tornam logótipos: Um manual do plágio inovador à moda angolana
- Mónica Almeida
- 31 de ago. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de out. de 2024

Esta é a primeira edição do diário sarcástico do design, onde invoco o espírto do "só em Angola" para discutir a última moda em criação de logótioos. Mas não se preocupem, não estou a sugerir que cultivemos logótipos a partir de bactérias (embora, sejamos honestos, quem nos impede de experimentar algo ainda mais audacioso?)
Na distante Londres, um laboratório experimental de bebidas chamado Crucible, em colaboração com a célebre Madalena Studio, decidiu chocar o mundo do design ao criar um logótipo a partir de culturas bacterianas. Sim, leram bem. Culturas bacterianas!
Talvez por lá tal prática seja vista como inovação, mas por aqui, estamos mais familiarizados com a boa e old-school arte do plágio descarado - afinal, porque reinventar a roda quando se pode simplesmente "inspirar-se" na obra alheia, não é verdade?
Chris Collicott, a mente brilhante por trás do Madalena Studio, afirma ter sido uma epifacia criativa ao constatar que este método capturava a essência científica da Crucible. Aqui em Angola, o nosso "método" consiste em observar o que já funcionou lá fora e, num piscar de olhos e um par de cliques no photoshop ou canva, voilà!, temos uma criação digna de nota - ou deveríamos dizer, de um pedido de desculpas depois da intervenção dos advogados - isso se, o caso for para frente juridicamente: as leis autorais ainda estão de férias no nosso país, porque estamos mais preocupados com cirurgias com Inteligência artificial.
O processo britânico revela o que dizem ser uma nova significação para o tipo experimental. Enquanto por lá, a experiência é uma jornada rumo ao desconhecido, nós por cá apreciamos o conforto da familiaridade: porque arriscar a "experimentação" quando há um mundo de designs prontos a serem replicados? Quanto ao senhor Collicot, ele afirma não saber se o projecto bacteriano "funciona" - mas digamos, a incerteza nunca impediu um criativo angolano.
Agora, quando a equipa biólogo-design-inclinado viu o seu logótipo colorir-se e ganhar vida num porão alugado, conseguiu um feito monumental.
Aqui em Angola, costumamos dizer que não pontapé para resolver um desafio de design tão "artístico", mas descaindo a componente biólogo, fazemos o que sabemos: pedir desculpas convincentes e flores bonitas em reuniões de conciliação.
Ainda assim, não sejamos ingratos: o mundo precisa tanto de bactérias serem logótipos como logótipos serem bacterianos. E onde uns veem uma oportunidade de experimentar, outros encontram a chance de aperfeiçoar a arte do plágio até à carreira badalada. Heyyyy, nada contra "roubares uma ideia" - já agora passo a referir um livro que tanto gosto "Steal Like an Artist" ou "Roubar como um Artista" de Austin Kleon.
Se preferirem uma abordagem de "faz-tu-mesmo" DYI, no mundo do design, a mademarketing está aqui para assistir às suas aventuras (e desventuras) enquanto ampliamos o nosso repertório de desculpas a cartas de boas-vindas a advogados.
Tudo porque no fundo, o verdadeiro design é um laboratório de ideias - e nós somos apenas bactéruias neste vasto tubo de ensaio
Recomendo a leitura da Creative Review sobre este fenómeno que chocou o mundo o design, pela positiva, claro
O livro mencionado:

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