O poder do olfato no marketing: Por que algumas empresas preferem ignorar os "nossos narizes"?

O olfato é um dos sentidos mais poderosos e menos explorados no mundo do marketing. Está directamente ligado ao sistema límbico, a região do cérebro responsável pelas emoções e memórias. Isso significa que um simples aroma pode evocar lembranças profundas e criar conexões emocionais duradouras entre consumidores e marcas.

A Memória olfativa e o comportamento do consumidor

O nosso olfato é uma catedral de emoções e da memória. É exactamente essa ligação que faz com que um aroma tenha o ooder inigualável de transportar-nos para lembranças intensas em momentos precisos.

As estatísticas não deixam dúvidas sobre o impacto dos aromas:

Retenção e Memória: As pessoas lembram-se 2% do que ouvem, 5% do que veem e surpreendentes 35% do que cheiram.
Variedade Olfativa: O ser humano é capaz de reter até 10.000 odores ou aromas distintos.
Influência Emocional: 75% das nossas emoções são criadas pelo cheiramos, enquanto 25% são influenciadas pelos outros sentidos.

Essa forte ligação entre o olfato e a emoção torna o marketing olfativo uma peça-chave para influenciar o comportamento do público e fortalecer a identidade da marca (por exemplo, vocês não têm noção de como a Juddy cheira bem)

Com isto quero dizer que um aroma não é apenas um cheiro - é o grito de lembrança em forma de fragrâncâia. E as marcas que entenderam isso têm navegado em marés de sucesso sucessivo.

Alguns exemplos no nosso continente

Embora o marketing olfativo ainda seja um terreno relativamente novo em muitas regiões do nosso continente, especialmente da região sub-saariana, algumas marcas já começam a explorar esse pontencial,.

Por exemplo o Supermercado Candando: não sei se é propositado (é possível que seja, vindo de quem está à frente do marketing desta cadeia) a experiência de compra é agradável. Ao difundir aormas de produtos frescos, como pão recém-saído-do-forno na secção da padaria, que nos leva imediatamente a sentar-nos no "crème" para esperarmos pela nossa vez na senha, ao mix de "disposição visual muito familiar" para alguns nichos - e sem divagar, estimulam os sentidos de quem lá e o resultado é a compra mais impulsiva da extensa variedade de pães no Candando.

No caso da Unitel (até aqui acredito que seja também algo pensado, vindo dos óptimos profissionais experientes desta marca), os pontos de atendimento ao cliente incorpora uma fragrância agradável, deixando o ambiente bem mais perfumado, o que torna a espera agradável e associa a marca a sensações positivas. Talvez até, tanto não seja por alguns pontos de excelente localização junto de ilhas que comercializam fragrâncias e até mesmo perfumarias.

Outras marcas de cosmético locais, como a Juddy Cosmetics, possui uma fragrância única (não é cheiro de gloss normal, nem batom pesado, sabem?) o que torna a marca distinta no mercado de cosméticos locais - o que não é novidade no mundo de influencers fazer-se marcas de make up.

O descaso com o departamento de marketing

Sabe-se que muitos departamentos de marketing de algumas empresas ainda estão a descobrir o encantamento olfativo. Apesar dos benefícios evidentes, é notável o descaso de algumas empresas em relação ao departamento de marketing. Muitos gestores veem o marketing como um custo e não como um investimento estratégico. Ignorar o potencial do marketing olfativo é perder a oportunidade de criar uma vantagem competitiva significativa.

Alguns dos desafios que o departamento enfrenta:

Falta de conhecimento: Muitas empresas desconhecem o impacto que os sentidos, especialmente o olfato, têm no comportamento do seu público.
Investimento limitado: Há uma relutância em investir em estratégias não tradicionais, mesmo quando estas demonstram ter um alto retorno.

Uma pena porque, de facto, quando se considera que um ambiente bem perfumado pode aumentar até 29% das vendas é, quase triste ver tanto potencial a evaporar sem deixar rasto.

Vantagens do marketing olfativo

Implementar uma estratégia de marketing olfativo pode trazer retornos impressionantes. Vejam estes números:

Preferência do consumidor: 84% das pessoas preferem comprar em ambientes com aromas agradáveis.
Aumento do valor percebido: Uma melhoria de 15% na percepção do valor das marcas.
Ambiente agradável: 100% dos consumidores consideram os ambientes perfumados mais agradáveis.
Maior tráfego: 16% do aumento no fluxo de clientes em lojas com marketing olfativo.
Intenção de Compra: 75% têm maior intenção de compra em espaços aromatizados.
Incremento de vendas: Potencial de 29% de aumento nas vendas.

Outras marcas angolanas que poderão explorar o sentidos sensoriais

Além do olfato, outras empresas têm investido (consciente ou não) estratégias sensoriais, por exemplo:

O Banco Bai utiliza música ambiente calma nas suas agências para reduzir o stress dos clientes e tornar a experiência bancária mais agradável - atenção que não sei se é em todas as agências.

Os estabelecimentos locais gastronómicos apostam na apresentação visual dos pratos e na ambientação dos espaços ao usar cores e iluminação para despertar o apetite e tornar o ambiente mais convidativo.

Como implementar o marketing olfativo

Escolha de aromas apropriados: Optar por fragrâncias que reflitam a identidade da marca e sejam agradáveis para o público-alvo.
Sistema de difusão inteligente: Utilizar sistemas que permitam controlar a intensidade e a distribuição do aroma no ambiente.
Combinação com outros sentidos: Integrar o olfato com o visual, sonoro e táctil para criar uma experiência multissensorial completa.

O marketing olfativo é mais do que uma tendência; é uma estratégia comprovada para criar conexões emocionais fortes e duradouras com os consumidores. Empresas que reconhecem e valorizam o poder dos sentidos destacam-se no mercado e constroem relacionamentos sólidos com os clientes.

Chegou a hora das empresas em Angola e no continente abraçarem esta abordagem inovadora. Ao investir seriamente no departamento de marketing explorar o seu potencial sensorial, podem nçao apenas aumentar as vendas, mas também fortalecer a sua posição no mercado.