EGC: A nova "buzzword" que afinal não é assim tão nova
- Mónica Almeida
- 5 de set. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 28 de out. de 2024

Tal como o ESG, agora temos o EGC como buzzword, sigla para "Employee Generated Content". Este conceito, para muitos soa como uma inovação fresca... quando na verdade é uma táctica que tem estado em desenvolvimento à medida que as marcas começam a reconhecer o valor da autenticidade nas suas narrativas digitais. Então, o que é realmente o EGC e porque as empresas deveriam prestar-lhes atenção? "Quem diria que deixar os colaboradores falarem sobre o seu trabalho poderia ser uma estratégia de marketing, não é?"
O que é o EGC e porque as marcas estão a babar-se por ele?
O ECG refere-se ao conteúdo criado e partilhado pelos colaboradores de uma empresa, que reflectem as suas experiências e visões pessoais. Imaginem só: pessoas reais a falar sobre os seus trabalhos? De empresas de e-commerce a colossos da tecnologia, cada vez mais empresas exploram esta estratégia para humanizar as marcas. O apelo? Autenticidade! Os consumidores anseiam por conteúdos genuínos, em oposição aos habituais discursos de vendas, e o EGC proporciona exactamente esta experiência.
Segundo estudos da Edelman, 54% dos consumidores confiam mais em informações de funcionários do que em CEOs. Ora bolas, parece que os consumidores preferem ouvir o Zé da contabilidade do que o Sr. Director Exectuivo em fato Armini... Quem diria? (brincadeiras à parte)
Interessantemente, um mal-entendido comum entre algumas marcas é a percepção que talvez não desejem uma "face" associada ao seu negócio. Mas a verdade? Ter colaboradores como porta-vozes dá um rosto amigável e humano à marca, permitindo que os consumidores criem ligações mais pessoais e significativas.
Quem pode tirar partido do EGC?
Qualquer empresa pode beneficiar do EGC, mas as luzes brilham especialmente em ambientes de alto contacto, como serviços voltados ao consumidor. Empresas em que cada funcionário está directamente envolvido na proposta de valor, têm uma excelente oportunidade para capitalizar na experiência humana e nas histórias autênticas que o EGC oferece.
Os dados da Stackla, o conteúdo criado por utilizadores (incluindo funcionários, tem 2,4 vezes mais probabilidade de ser considerado autêntico pelo consumidores de que o conteúdo criado pelas marcas.
EGC vs Employer branding: A batalha dos departamentos
Agora, a grande questão: Será o EGC responsabilidade do marketing ou do RH? Bem, é aqui que as coisas ficam interessantes. Enquanto Employer Branding se foca em atrair talentos, o EGC é mais sobre envolver os clientes. É como se fossem primos afastados numa festa de família: relacionados, mas com objectivos diferentes.
Por outras palavras, embora andem de mãos dadas, o EGC diferencia-se do Employer Branding por ser mais directo e espontâneo. O Employer Branding está focado na imagem global da empresa como empregador, o GC envolve os colaboradores a partir da criação de conteúdo - onde os próprios mostram as as suas experiências. É idílico para campanhas que pretendam capturar a essência da vida no local de trabalho sem o verniz formal do marketing institucional.
A misconception das marcas "sem rosto"
Há quem pense que mostrar as caras por trás da marca possa ser prejudicial. "Não queremos um rosto por trás do negócio", dizem eles. Bem, eu tenho novidades para vocês: os consumidores adoram poder relacionar-se com pessoas reais.
Conteúdo "menos vendedor"
Uma das grandes vantagens do EGC é que tende a ser menos "salesy". Afinal, ninguém quer ouvir o "Joaquim" a gritar "Compre Agora!" a cada cinco minutos.
Histórias de Sucesso: Uma marca internacional no mercado português
Histórias de Sucesso: Uma marca internacional no mercado português
(Primeiramente prometo pesquisar casos de sucesso em Angola, onde foi aplicado intencionalmente o EGC. Segundamente, acredito piamente que a Unitel tenha sido a empresa que, mais do que ter Employer Branding, teve o EGC - e falo da Unitel, antes de de 2016).
No panorama português, a Farfetch - plataforma de luxo que nasceu no Porto e conquistou o mundo - destacou-se ao adoptar o EGC com mestria. Estes magos do e-commerce incentivavam os seus colaboradores a partilhar histórias de trabalho diárias, desde os desafios até aos momentos de vitória. Esta tática não só humaniza a marca, como também fortalece a cultura interna, atraindo tanto consumidores quanto possíveis talentos.
Eles lançaram a campanha "Faces of Farfetch" onde os funcionários partilharam as experiências. O resultado? Um aumento de 30% de engagement nas redes sociais e um boost de 15% nas candidaturas de emprego.
E mais, os colaboradores tinham direito a descontos incríveis (isto dito pela minha cunhada Serena que trabalhou na Farfetch... queria eu trabalhar lá só para ter descontos em marcas que não faziam descontos).
E por falar ainda no mercado português, vou mencionar o primo do EGC, o Employer Branding e as empresas de topo neste mercado. Portugal não fica atrás em termos de Employer Branding. De acordo com dados da Randstad Employer Branding Research, a Delta Cafés e a EP são frequentemente incluídas entre as empresas mais atractivas para trabalhar em Portugal, devido aos seus excelentes esforços de marca empregadora. Essas empresas empoderam os colaboradores, incentivam-os na partilha de experiências e criam um ambiente de trabalho mais dinâmico e participativo.
É curioso como essa "nova" Buzzword, que é o EGC, diz-se nova, mas já vem com rugas de guera. Contudo, as marcas que embarcam nesta aventura ganham muito: um público mais envolvido, colaboradores mais satisfeitos a partilharem histórias reais, e um marketplace que respira autenticidade.
Portanto, se a sua marca ainda não embarcou no comboio EGC, talvez seja altura de considera um bilhete para este emocionante e menos "Salesy" destino. Afinal, um mercado sedento de verdadeiras conexões, autênticos conteúdos ganharão sempre um ligar de destaque.
Dentro do vasto leque de iniciativas de marketing, o EGC posiciona-se agora como uma "alínea de iniciativas" ou ferramenta para qualquer entidade que valorize a palabra genuína e uma ligação verdadeira com o seu público. Claro está, que é importante que haja de facto uma cultura organizacional - e realçar que não são a missão, visão e valores que ficam nos websites e cartas de apresentação para ficarem bonitas - mas o que realmente se vive.
Então, a próxima vez que ouvirem esta "buzzword" aos saltos numa reunião de marketing, lembrem-se: pode não ser uma ideia totalmente nova, mas quando feita correctamente, é certamente brilhante.
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